POLÍTICA

Relator revela os próximos passos da CPI das ONGs

Marcio Bittar afirma que o Brasil perdeu a soberania da floresta para associações estrangeiras com interesses nas riquezas do país


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  Fonte: Revista Oeste - Por Cristyan Costa

O senador Marcio Bittar, durante um pronunciamento na Casa - 30/05/2023

O senador Marcio Bittar, durante um pronunciamento na Casa - 30/05/2023   Foto: Reprodução/Revista Oeste/Jefferson Rudy/Agência Senado

Postado em: 16/06/2023 às 18:24:17

Ouvir moradores da Amazônia e especialistas que entendem da floresta, além de chamar representantes de ONGs e outras autoridades. Esses serão os primeiros passos da comissão parlamentar de inquérito (CPI) que pode revelar a “caixa preta” de associações, sobretudo estrangeiras, que atuam no bioma. A CPI começou nesta semana, sob a presidência do senador Plínio Valério (PSDB-AM).

Relator da CPI das ONGs, o senador Marcio Bittar (União Brasil-AC) revelou a Oeste algumas informações do plano de trabalho e mencionou uma lista de nomes a serem ouvidos. Além de indígenas e pessoas comuns, a CPI deve chamar Aldo Rebelo, ex-deputado federal e profundo conhecedor da Amazônia, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o antecessor dela Ricardo Salles, entre outros nomes.

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‘O que está em jogo nesta história é a perda da nossa soberania nacional’, diz Marcio Bittar | Foto: Agência Senado

As equipes da CPI trabalham ainda para organizar todas as informações que receberam, sobre as ONGs, cujos responsáveis também serão requisitados. Quase 35 requerimentos já estão prontos para votação. “O Brasil não comanda mais a Amazônia”, constatou Bittar. Segundo ele, a depender dos desdobramentos, a CPI pode investigar ainda supostos esquemas de exploração sexual de indígenas na Amazônia. Denúncias dão conta da existência de grupos estrangeiros que raptam crianças e adolescentes em vulnerabilidade social.

A seguir, os principais trechos da entrevista.

Por que uma CPI das ONGs na Amazônia?

Temos informações que nos levaram a desconfiar de como os recursos brasileiros estão sendo distribuídos a ONGs que dizem fazer algo em benefício dos povos indígenas e do meio ambiente. Essas organizações são majoritariamente da América do Norte e Europa. Infelizmente, há, ainda, membros do empresariado brasileiro com relações íntimas a grupos europeus interessados em nossos recursos. O que está em jogo nesta história é a perda da nossa soberania nacional. O Brasil não comanda mais esse território. Nosso país perdeu a autonomia sobre ele.

Quais os primeiros passos do plano de trabalho da CPI das ONGs?

Iniciaremos os trabalhos chamando pessoas para serem ouvidas. Primeiramente, serão lideranças indígenas que não têm voz. Sabemos que a maioria deles quer prosperar, usando o território em que vivem em benefício próprio. Ao mesmo tempo, vamos enviar vários requerimentos de informações a órgãos do Estado que têm relação com o assunto: convênios e contratos entre governos e ONGs, acórdãos do Tribunal de Contas da União e documentos da Funasa, do Ibama e dos ministérios da Defesa e do Meio Ambiente.

Há pressão por parte das ONGs no sentido de intimidar a CPI?

Eles compareceram à abertura da CPI, e, com certeza, vão reagir de alguma forma. Sinto vergonha, por saber que estão infiltrados na Amazônia. Além de ONGs, há até um banco alemão envolvido. A maioria das secretarias de Meio Ambiente, nos âmbitos municipal e estadual na região da Amazônia, tem convênios com esses grupos internacionais. Em linhas gerais, a pasta ganha alguma coisa e, em troca, precisa fazer campanhas no sentido de reflorestar a Amazônia, as mais comuns. Pergunto a esses grupos, em sua maioria, europeus: será mesmo que é o nosso bioma que precisa ser reflorestado? Tudo isso é uma claríssima interferência na soberania do Brasil.

O governo enviou representantes para a CPI. Como o senhor vê isso?

Proponho uma reflexão sobre o cenário que vi no dia da abertura. A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) é relatora da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro. Naquela CPMI, ela e seus colegas governistas atropelaram a oposição, não aprovando sequer um requerimento sugerido. O general Gonçalves Dias, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, apareceu recebendo invasores, sem reação, no dia da quebradeira do Palácio do Planalto, mas não foi convocado pela CPMI. Depois disso, Eliziane comparece à nossa CPI e pediu “pluralidade”, além de nos orientar a “ouvir todos os lados”.

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