BLOGS

Parabéns, sindicalista Pedro Lúcio Rocha, pelo aniversário de 80 anos de vida, neste dia 15.

Homenagem ao maior líder sindical do Sertão alagoano. Conheça um pouco da história deste notável sindicalista e veja algumas imagens que fazem parte de sua história trajetória.


  Foto: Reprodução/Helio Fialho/Redes sociais/Cortesia

Postado em: 15/06/2018 às 15:59:14   /   por Helio Fialho

Nesta sexta-feira, 15 de junho de 2018, o tão conhecido sindicalista alagoano Pedro Lúcio Rocha, está completando 80 anos de vida.

Este homem simples, nascido no Sítio Agreste, em 1938, quando as terras de Guaribas pertenciam ao município de Pão de Açúcar. E foi exatamente no dia em que este filho ilustre completou 22 anos de idade que, através da Lei Estadual nº 2.250, de 15 de junho de 1960, Guaribas desmembrou-se de Pão de Açúcar e mudou o nome para Monteirópolis.   

Oriundo de uma família de agricultores, o menino Pedro cresceu na atividade rural, porém, sempre encontrava um tempinho para discursar para seus contemporâneos, fazendo das pedras do roçado o seu palanque improvisado. “Nós crescemos juntos e Pedro Lúcio era um menino mais esperto que o resto da meninada da roça. Ele não gostava muito de pegar na enxada. O que ele gostava mesmo era de discursar em cima das pedras, para a gente ficar escutando enquanto trabalhava na roça”, disse o amigo e conterrâneo Manoel Maciel.

E em busca de conhecimentos, o jovem Pedro saiu de casa para conquistar seus espaços na sociedade. Serviu ao Exército Brasileiro, morou em grandes centros urbanos, teve a oportunidade de conviver com personalidades ilustres consideradas caciques da política alagoana, a exemplo de Arnon de Mello, Segismundo Andrade e Elisio Maia e aprendeu com eles a arte malabarista da articulação política.

Jornal A Pátria Limitada... impresso em Offset...

A Pátria - Helio Fialho entrevistando o governador

de Alagoas Guilherme Palmeira...

 

Ele também teve o privilégio de conhecer figuras religiosas renomadas a nível nacional, principalmente durante período em que o nosso País encontrava-se sob o domínio da Ditadura Militar, a exemplo de Dom Helder Câmera, e com ele aprendeu ricas lições de resistência ao poder repressivo e sobre o papel da Igreja nas transformações sociais.  

Em Pão de Açúcar, ainda jovem, frequentou o Ginásio Dom Antonio Brandão, porém, como ele próprio gosta de contar para os amigos, “desistiu de continuar porque sentia grande dificuldade para separar a pessoa física da pessoa jurídica”. Esta, talvez, tenha sido a forma encontrada, até certo ponto irônica, para justificar que não nascera para trabalhar no comércio e tampouco fazer serviços burocráticos, pois a sua grande paixão sempre foi o sindicalismo e os movimentos de lutas populares, os quais correm nas suas veias e dão vida a este abnegado líder sindical que não priorizou juntar fortuna durante a sua trajetória profissional, vivendo hoje de uma simples aposentadoria rural, deixando este exemplo para tantos “pelegos” que juntaram fortunas, colecionam bens patrimoniais e engordaram suas contas bancárias à custa de políticas sindicais descaracterizadas e posicionadas na contramão dos princípios éticos e morais.  

Festival de Cultura de Pão de Açúcar... no Iate Clube... cantor Netônio...

Mesa: Lucy Rodrigues, Ascânio Correia, Socorro Godoy, Antonio Souza, Massilon

Ferreia e João Gomes da Silva...

Festival de Cultura... no Iate Clube... Helio Machado (violão) e o cantor Toinho Leão...

Mesa: Lucy, Romilda Souza, Levino Farias Brazão (de chapéu branco) e outros

Festival de Cultura - Helio Fialho e o artista Roque Braz Filho

Mesa: Wilson Lucena, José Francisco e outros...

 

É importante destacar que Pedro Lúcio Rocha criou, no final dos anos 60 e início dos anos 70, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pão de Açúcar, sendo o primeiro presidente desta entidade de classe. Neste período em que o Brasil esteve sob o domínio da Ditadura Militar, este humilde sindicalista ajudou a criar sindicatos dos trabalhadores do campo em vários municípios da região.

Ele foi, também, o grande realizador dos festivais de Cultura de Pão de Açúcar, no final da década de 70, com a participação de jovens músicos, poetas, pintores e de outras artes abraçadas pelos filhos da plaga de Jaciobá, cujo evento contou com o apoio de intelectuais, educadores e de outras personalidades ribeirinhas da época.

Durante este período crítico da história política brasileira, Pedro Lúcio criou, ainda, o Jornal A Pátria Limitada, fazendo despertar para as vocações literária e jornalística jovens que escreviam para este periódico mimeografado, que teve a primeira e única impressão gráfica, em outubro de 1978, em off set, nas oficinas de Serviços Gráficos de Alagoas Sociedade Anônima  (SERGASA), com uma tiragem de 1.000 exemplares.

Dentre os que fizeram parte do Jornal A Pátria estão os filhos os pão-de-açucarenses: Massilon Ferreira da Silva, Álvaro Antonio Melo Machado, Érico Melo de Abreu, Rosevaldo Caldeira, Yvan Silva Fialho, Helio Silva Fialho.

Pedro Lúcio, em 1969, na época em que esteve vereador por Pão de Açúcar, criou os Símbolos Oficiais do Município (hino, brasão, bandeira), frutos da colaboração dos amigos Maestro Passinha e Padre José Nascimento, aprovados pela Lei Municipal nº 394, cujo autor do projeto é o próprio.  

Nesta época, ele criou o serviço de autofalante e a emissora de rádio  Antena Municipal de Pão de Açúcar, dando, assim, oportunidade para alguns membros da juventude pão-de-açucarense fazerem trabalhos de locução e sonoplastia, incentivando-os a ingressar no mundo da comunicação como radialistas e jornalistas.

Objetivando mudar o modelo político que afetava o município de Pão de Açúcar, ele criou, em 1988, a comissão provisória do PMN, sendo os cinco primeiros integrantes deste partido político: Pedro Lúcio Rocha (presidente), Helio Silva Fialho (secretário), Washington Lira Rodrigues (“Washington de Lagoa de Pedra”), José Leandro do Nascimento (“Professor Gajeiro”) e Heliomar dos Anjos (“Heliomar da CEAL”).

Pedro Lúcio fazendo entregando uma medalha a um atleta...

Pedro lúcio discursando durante a abertura de um torneio... no Alto Humaitá...

Através desta comissão partidária, de iniciativa do sindicalista, que foram lançadas, nas eleições municipais de 1988, as candidaturas de Antonio Carlos Lima Rezende (Cacalo) e Jorge Silva Dantas, para os cargos de prefeito e vice-prefeito de Pão de Açúcar, respectivamente, cujos postulantes não saíram vitoriosos nesta primeira tentativa.

Cabe a Pedro Lúcio Rocha o mérito de ser o primeiro na criação de entidades e organização de movimentos populares no semiárido alagoano, sendo o primeiro presidente da Federação Intermunicipal das Entidades Comunitárias do Estado de Alagoas (FIECIA).

Em 2001, por ocasião das comemorações alusivas aos 500 Anos do rio São Francisco, ele criou, no conjunto residencial da COHAB, comunidade onde mora desde esta época, a Festa de São Francisco de Assis. Foi neste mesmo ano que Pedro realizou uma grandiosa manifestação popular com a participação de trabalhadores rurais, pescadores, donas de casa, estudantes e outros segmentos da sociedade em defesa do Velho Chico, sendo marcado o encerramento desta caminhada com o chamado “um abraço no rio”, oportunidade em que todos os participantes adentraram no rio e deram um mergulho histórico nas águas do antigo Opara, em protesto à degradação ambiental imposta pela ambição insana do homem civilizado.

Considerado um grande defensor do rio São Francisco, Pedro Lúcio foi eleito, em 2001, como um dos membros do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), no ano da criação deste órgão.

Este extraordinário sindicalista, para os que conhecem o desenrolar da história do município de Pão de Açúcar, é visto como um grande visionário, onde deu grande e importante contribuição ao processo de transformação política do município, inclusive, tomando posições consideradas corajosas e polêmicas.

De espírito combativo, o “mestre Pedro Lúcio”, como é, também, chamado pelos amigos, é um grande e notável entusiasta da luta por uma autêntica Reforma Agrária no Brasil e, graças a seus ideais, ocupou cargos de representação na FETAG e CONTAG.

Helio Fialho, Professor Gajeiro e Pedro Lúcio...

Pedro Lúcio discursando em evento sobre Saúde...

Pedro Lúcio e integrantes de movimento rural...

Pedro Lúcio em evento realizado pela Juventude Rural...

Em 17 de dezembro de 2008, O Conselho Estadual de Educação de Alagoas (CEE), no Auditório do Palácio dos Palmares, por ocasião do 46º aniversário deste Conselho, condecorou Pedro Lúcio Rocha, um dos grandes incentivadores da educação do campo, com a Comenda do Mérito Educativo Alagoano, título outorgado somente para educadores pelos relevantes serviços prestados à educação do Estado.

No dia 15 de setembro de 2016, durante o encerramento da XXX Plenária Ordinária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, por ocasião das comemorações alusivas aos 15 anos de criação do CBHSF, este baluarte do sindicalismo alagoano foi homenageado durante uma solenidade realizada no Othon Palace Hotel de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais.

No dia 22 de setembro de 2017, por ocasião das comemorações alusivas aos 200 Anos de Alagoas, Pedro Lúcio e várias personalidades pão-de-açucarenses recebem a Comenda 200 Anos de Alagoas, homenagem prestada pela Câmara Municipal de Pão de Açúcar, que tem como presidente a vereadora Lena Machado. O evento teve o apoio da Prefeitura de Pão de Açúcar e do Governo do Estado de Alagoas.

No dia 18 de novembro de 2017, no auditório da FASVIPA, Pedro Lúcio esteve presente à reunião de fundação da Academia de Letras de Pão de Açúcar, dando importante incentivo à sua criação, sendo, no dia 24 de março deste ano, um dos homenageados desta instituição literária com o título de Sócio Honorário.

Costumo dizer que Pão de Açúcar sem as lições e experiências do mestre Pedro Lúcio pode assemelhar-se a Grécia sem as filosofias de Sócrates e Platão. Portanto, como ficariam estes lugares esvaziados destes respectivos personagens?!

E hoje este octogenário líder sindical comemora o seu aniversário, ao lado de sua família, de maneira muito simples, sem festa e sem pompa. Ele sequer teve condição financeira para receber os amigos e oferecer um almoço ou jantar (como tanto desejou)  – porque não pôde fazer por falta de condição financeira. 

Ao contrário de alguns nomes projetados por ele, os quais priorizaram engordar suas contas bancárias com esquemas desonestos, Pedro Lúcio Rocha fez do sindicalismo e da política apenas um sacerdócio.

Parabéns, meu amigo de fé e tantas jornadas, pelos 80 anos de vida!!!

 

Pedro Lúcio participando de um evento rural...

Pedro Lúcio e jovens rurais de Pão de Açúcar...

Pedro Lúcio e integrantes de movimentos rurais...

Pedro Lúcio comemorando o aniversário dos Símbolos Oficiais...

Manifestação popular com a participação de Pedro Lúcio...

Pedro Lùcio e Anivaldo Miranda em Minas Gerais...

Recebendo uma homenagem do CBHSF, em 2017...

Pedro Lúcio e Helio Fialho... Inauguração da Galeria da

da Câmara de Vereadores... nos 200 Anos de Alagoas, 2017.

Pedro Lúcio entre amigos... Dr. Arnaldo Mendes, Mestra Dadá...

Pedro Lúcio participando de um evento...

 

 

  

Comentários

Escreva seu comentário
Nome E-mail Mensagem

  • Anderson Silva 16 de Junho de 2018 Feliz aniversário ao ilustre comendador Pedro Lucio Rocha.