Meninas da África do Sul exigem fim da proibição do black power em escola
Não é apenas sobre um estilo ou regras de conduta ou sobre as escolas sul-africanas.
Fonte: Huffpost Brasil/Msn Notícias
Estudantes querem usar seus cabelos livres em escola de Pretória Foto: Reprodução/Facebook
Não é apenas sobre um estilo ou regras de conduta ou sobre as escolas sul-africanas.
É sobre o preconceito generalizado que se tem para com os cabelos das mulheres negras em uma sociedade que hegemonicamente valoriza padrões de beleza brancos e ocidentais e, de maneira direta ou indireta, diz aos negros que eles são inferiores por não corresponderem a essas normas.
E o que as garotas do ensino médio do colégio Pretória High estão fazendo é apenas escancarar isso.
Nos últimos dias de agosto, a tag #StopRacismatPretoriaGirlsHigh (algo como 'parem o racismo na escola Pretória Girls' em tradução livre) ganhou o mundo.
Isso porque meninas de 13 a 18 anos estão protestando desde que uma das estudantes foi suspensa por usar um black power.
As alunas da escola de Pretória, a capital administrativa da África do Sul, foram orientadas a alisar os cabelos para que sigam o código de conduta da instituição. De acordo com as regras, todos os cabelos devem ser usados de forma que estejam penteados e bem presos. Porém, parece que a interpretação de "penteado" e "preso" é bastante subjetiva.
Apesar de as regras não dizerem com todas as letras que os cabelos das alunas devem ser alisados, o documento explica que todo penteado usado deve ser conservador, bem cuidado e deve estar de acordo com o uniforme da escola, pois “estilos ou modas excêntricas não serão permitidos”.
As garotas afirmaram que os funcionários frequentemente pedem para elas arrumarem o cabelo e dizem que elas não estão autorizadas a usar penteados afros.
O Pretória High é um dos colégios mais tradicionais do país. Fundado em 1902, ele é administrado pelo governo e tem o inglês como a língua principal. Durante o período do apartheid, a escola era frequentada em sua maioria por alunas brancas, e as primeiras negras só foram aceitas em 1991.
Para alguns usuários das redes sociais, a questão enfrentada pelas garotas não se resume a um caso pontual, mas se refere ao preconceito herdado do período segregacionista, que terminou há 22 anos no país.
Além dos protestos, uma petição online foi lançada para exigir a atualização do código da escola. o objetivo é que com as novas regras, as meninas muçulmanas e negras não sejam discriminadas. O documento já conta com mais de 30 mil assinaturas.
De acordo com o Estadão, Panyaza Lesufi, responsável pela secretaria de educação do governo da região, afirmou que medidas estão sendo tomadas.
"Nenhum aluno será punido por causa de seu penteado até que a administração da escola elabore um novo código de conduta que lide especificamente com essas questões", afirmou.
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