ESPORTES

Índios de Alagoas competem no Rei Pelé e mostram a cultura das tribos

Jogos Indígenas do estado contam com dez grupos e estão sendo realizados na maior praça esportiva de Maceió. Caciques só lamentam falta de público


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  Fonte: G1 AL/Ge

Antes do início da competição, os índios se reúnem em um grande círculo para fazer orações

Antes do início da competição, os índios se reúnem em um grande círculo para fazer orações   Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com

Postado em: 23/11/2017 às 19:24:37

Maior palco do futebol em Alagoas, o Estádio Rei Pelé recebeu nesta quinta-feira competições diferentes, mas não menos importantes. Os Jogos indígenas do estado ganharam espaço para promover a integração entre as tribos, que carregam traços marcantes da cultura local, e a sociedade alagoana. Pena que na abertura do evento os índios se apresentaram para um Trapichão vazio. E a entrada é franca.

– A gente precisaria de uma divulgação maior para que o povo e a população visse a nossa cultura. Queríamos mostrar para população alagoana o que é a cultura, a tradição indígena, aquilo que nossos antepassados nos deixaram. Infelizmente não teve muita divulgação, não sei o motivo, mas estamos aqui com o nosso espírito de guerreiro – disse o cacique da tribo Wassu Cocal, Edimilson.

Dez tribos indígenas participam dos jogos estaduais (Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com)
Dez tribos indígenas participam dos jogos estaduais (Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com)
 

Chefe da delegação da tribo Geripancó, Cícero também não ficou satisfeito com a ausência do público.

– Aqui em Alagoas nós temos 12 tribos, mas estão presentes aqui dez. Aqui tem cerca de 100 indígenas, estamos aqui para celebrar essas modalidades e mostrar que o nosso esporte precisa de espaço. A ideia dos jogos é fazer com que a sociedade reconheça que nós existimos e saiba que o esporte indígena tem uma finalidade, não apenas esportiva, mas cultural e de identidade. É uma pena que isso não tenha sido tão divulgado como nós esperávamos. É um evento grandioso por simplicidade. Então, nós estamos lutando para receber esse reconhecimento, mas no entanto o poder público ainda não está se esforçando o bastante para isso. Tanto é que nós estamos aqui desde ontem e é como se nós não estivéssemos aqui. Mas resistimos e viemos para fazer história – declarou.

São dez tribos indígenas de Alagoas disputando os Jogos, que foram promovidos pela Secretaria de Esporte e Lazer da Juventude do estado, começaram na quarta-feira e seguem até esta sexta. Os índios competem entre si em dez modalidades e, além das apresentações esportivas, eles ainda mostram um pouco da cultura com danças e cânticos.

– A gente participa de competições entre as comunidades, a parte do esporte é muito importante e essa é, sem dúvida, uma boa oportunidade de mostrar nossa cultura – disse o chefe da delegação Karuazu, Paulo César.

As modalidades são bem interessantes. Tem arremesso de borduna (masculino e feminino), arco e flecha (masculino e feminino), cabo de força (masculino e feminino), corrida de maraká (masculino e feminino), corrida do pote, luta corporal (masculino e feminino), zarabatana, estilingue, penacho e badoque.

Povo Geripancó participa dos jogos (Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com)
Povo Geripancó participa dos jogos (Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com)

 

Destaques

Nas suas tribos, os atletas indígenas treinam e competem. Preparados fisicamente, os índios mostram toda a resistência física e talento para as modalidades. Ivanice, da Wassu Cocal, adora correr, e foi com sua velocidade que conseguiu ajudar a sua equipe a conquistar o primeiro lugar da corrida de maraká.

– Me saí muito bem, a gente ganhou o primeiro lugar no feminino. Eu gosto muito de correr, treinei muito esses dias para chegar aqui e dar o meu melhor. Vou disputar também o cabo de força – disse a jovem.

Ivanice ajudou sua tribo, Wassu Cocal, a vencer a prova de corrida de maraká (Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com)
Ivanice ajudou sua tribo, Wassu Cocal, a vencer a prova de corrida de maraká (Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com)

 

Diego, da Karuazu, tem porte de atleta. Bom corredor, o índio adora disputar provas de curta e longa distância.

– Na nossa aldeia tem um terreirão, nós pegamos nossos instrumentos e começamos a treinar. A modalidade que eu mais gosto é correr. Eu também gosto de jogar a borduna, mas não mais do que de uma carreira (risos).

Diego, da tribo Karuazu, também participou da corrida de maraká (Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com)
Diego, da tribo Karuazu, também participou da corrida de maraká (Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com)
 
 
Jogos Indígenas seguem até sexta-feira (Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com)
Jogos Indígenas seguem até sexta-feira (Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com)
 
 
Índio participando da corrida de maraká (Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com)
Índio participando da corrida de maraká (Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com)
 
 
Antes do início das provas, os índios dão as mãos para um momento de fé (Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com)
Antes do início das provas, os índios dão as mãos para um momento de fé (Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com)
 
 
Delegação Wassu Cocal comemora vitória na corrida de maraká (Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com)
Delegação Wassu Cocal comemora vitória na corrida de maraká (Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com)
 

Programação

Quinta-feira

08h às 15h - Práticas das modalidades tradicionais Indígenas;

19h – Apresentações culturais tradicionais e desfile inter-étnico das belezas indígenas Alagoana.

Dia 24

8h às 10h – Continuação da modalidades indígenas e encerramento com Jogo de Futebol do time inter-étnico indígena Alagoano;

09h às 11h – Mesa de diálogo internacional Indígena;

Tema: “Os Direitos Indígenas na Atual Conjuntura”, com os palestrantes:

– Marcos Terena (presidente do comitê Inter-Tribal Memória e Ciência Indígena/ ITC, idealizador e articulador dos Jogos Indígenas Nacional e Internacional);

– Pablo Green Solis (presidente da organização Internacional da Juventude Indígena/ Panamá e do Conselho Internacional desportivo tradicional);

– Artêncio Lopes (conselheiro dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas e representante dos Pandas Esportes do Panamá);

14h – Cerimônia de encerramento.

 

Por GloboEsporte.com, Maceió

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