Falta de canil público em Pão de Açúcar faz crescer quantidade de cães abandonados nas ruas

A ausência de políticas públicas tem deixado crescer o número de cães abandonados nas ruas de Pão de Açúcar e de outras cidades brasileiras.

Percebe-se, ao longo dos anos, a não priorização, pelos gestores que têm assumido o comando da Prefeitura de Pão de Açúcar, da instalação de um abrigo adequado para a assistência de cães vadios. Geralmente esses animais são abandonados pelos donos e ficam expostos à fome, doenças e outros tipos de maus-tratos.

O abandono é crime e a Lei de Crimes Ambientais (Lei Federal n° 9.605/98) estabelece pena de três meses a um ano de detenção e multa. Além disso, a Lei Federal nº 14.064/2020 ampliou, com reclusão de dois a cinco anos e proibição da guarda, as penalidade para as pessoas que cometem maus-tratos contra cães e gatos. Caso o animal venha a morrer, a pena é aumentada de um sexto a um terço. A Constituição Federal Brasileira, em seu artigo 225, diz que é dever do Estado proteger os animais, tanto domésticos quanto silvestres, sendo considerado crime a omissão, também.

Em Pão de Açúcar, entra prefeito e sai prefeito, porém, a falta de um canil público permanece. Não estamos falando sobre a ausência de um centro de zoonoses porque em municípios de pequeno porte não há a menor possibilidade de se instalar, devido a vários fatores, incluindo, principalmente, a indisponibilidade de recursos financeiros. Contudo, a instalação de um canil e que este funcione com estrutura adequada e com uma equipe multidisciplinar para cuidar dos animais que forem resgatados nas ruas e, por isso, precisam de toda a assistência e cuidados.

E por falar em assistência e cuidados, não é a primeira vez que os moradores da Rua Alto Paraíso se deparam com cães abandonados, sofrendo com fome e sede, em completo estado de desnutrição, a exemplo de uma cadela que há mais de uma semana pariu sete filhotes e, por estarem abandonados, anda pelas calçadas e ruas carregando as crias. A proteção da cadela-mãe para com os cachorrinhos é tão grande que, muitas vezes, eles são carregados por ela, um a um, usando a boca para segurá-los. E a cena chegar a ser emocionante e muito triste porque todos estão passando muita fome, pois, a cadela-mãe só consegue alimentar-se quando encontra algum morador que se penaliza e joga para ela um pouco de comida. E a cena da grande família canina abandonada se repete todas as manhãs, entre 5 e 7 horas da manhã, e à tardinha, quando o sol já esta se pondo.

Mas se o chefe do Executivo municipal desse o mínimo de atenção a este problema, que prejudica a imagem de sua gestão, ele já teria instalado um abrigo de acordo com os padrões exigidos pela legislação ambiental, para que os cães abandonados tivessem um lugar digno para ficar.

Se ao menos tivesse um canil público em Pão de Açúcar – apesar de já existir uma lei municipal que estabelece a criação de um abrigo público para cães – certamente esta cadela-mãe e seus filhotes já estariam sendo bem cuidados ou, até mesmo, já teriam sido doados para cuidadores interessados. Até porque os filhotinhos são muito engraçados. É uma pena que eles estejam desprezados.

Resgatadores voluntários

Enquanto a Prefeitura de Pão de Açúcar deixa de cumprir a legislação ambiental, no tocante aos cuidados para com os cães de rua, algumas pessoas, de forma voluntária, sem contar com o apoio da Prefeitura de Pão de Açúcar, resgatam e cuidam de animais abandonados, além de defendê-los contra maus-tratos, a exemplo da bióloga e professora Gianni Fialho, que já resgatou um grande número de cães e, atualmente, está criando em sua casa 13 animais. “Eram 15 cães e agora são 13. É muito trabalho e muita despesa financeira com alimentação e assistência veterinária. Tenho gasto todo o meu salário com esses cães que resgato nas ruas e cuido deles por minha conta e, muitas vezes, conto, também, com a ajuda do meu esposo Franklin da Guia. Se a Prefeitura já tivesse instalado um canil público de qualidade, com certeza, eu não estaria enfrentando esta situação tão difícil de lidar porque o problema só se agrava e o poder público nada faz para resolver”, disse Gianni.

Já o morador Rosalvo Feitosa, que é militar no estado de Sergipe, justifica seu amor e cuidado para com os animais, usando Provérbios 12:10, que diz: “O justo cuida bem dos animais, mas as misericórdias dos ímpios são cruéis”. E é com este pensamento que Rosalvo defende, resgata e cuida de animais abandonados nas ruas, principalmente os cães de rua. Ele tem sido um defensor rigoroso dos cães e tem denunciado maus-tratos e até mesmo mortes de cães, por envenenamento, nas ruas de Pão de Açúcar, segundo ele. Outras duas cuidadoras que merecem destaque são Simone Pereira e Clécia Santana. Elas cuidam com muito amor de cães abandonados que são encontrados famintos e feridos, devido aos maus-tratos..

Em Pão de Açúcar, graças aos cuidadores voluntários, que não são em grande quantidade, muitos animais são resgatados das ruas e passam a ter cuidados especiais, porém, está faltando o interesse da Prefeitura e de outros órgãos competentes para a solução deste problema que tende a agravar-se e muito.

Foto: Notícia Quente/Helio Fialho