Diretor que enviou foto íntima para aluna pediu que ela não o denunciasse: ‘Tenho três filhos'

O diretor que foi afastado da Escola Municipal Walter Doria, em Rio Largo, por enviar uma foto íntima a uma aluna de 13 anos, implorou para a menor não fazer Boletim de Ocorrência (BO), alegando ter família e ser pai de três filhos, e que a denúncia o prejudicaria.

O fato ocorreu por mensagem no WhatsApp, quando a menor entrou em contato com o diretor, por volta das 23h do último domingo (15), para saber se haveria aula na segunda-feira, 16 de setembro, feriado da Emancipação Política de Alagoas. O diretor prolongou a conversa e enviou uma foto que mostrava uma folha de caderno e o próprio pênis.

“Eu cheguei no domingo do trabalho quase 11 horas da noite. E eu estranhei porque ela [menor] estava acordada. E quando eu perguntei o que ela estava fazendo acordada, se amanhã ia ter aula, aí ela ficou assim, né? Ela lembrou que não tinha, que era feriado. Mas eu disse que ia ter, porque era segunda, eu esqueci do feriado. Então, ela foi e mandou mensagem para o diretor”, contou uma tia da menor, que não quis se identificar, em entrevista à TV Gazeta.

A menina não respondeu à imagem íntima do suspeito, e o homem logo apagou a foto, pedindo desculpas, mas ela fez um print.

Após o feriado, na terça-feira (17), a menina mostrou a foto para a coordenadora e a psicopedagoga da unidade, que acionaram o Conselho Tutelar e ligaram para os familiares da vítima, e um Boletim de Ocorrência foi registrado.

O suspeito, no entanto, retornou o contato com a vítima e pediu que ela não o denunciasse. “Por favor, só não faz o BO, se não vou perder minha família”, escreveu. “Por tudo o que é mais sagrado, por favor, eu tenho três filhos”, continuou.

Print da conversa. Foto: TV Gazeta

Segundo o conselheiro tutelar da cidade, Anderson Henrique, o caso já foi encaminhado ao Ministério Público do Estado (MPE).

“Juntamos todos os elementos: relatório da escola, a denúncia feita também pela Secretaria de Educação, boletim lavrado no CISP da cidade, termo de declaração da adolescente e da tia, e os prints. Nós juntamos tudo isso e encaminhamos como notícia de fato para o Ministério Público na manhã desta quinta-feira (19). Agora, é aguardar o órgão apresentar ao poder judiciário e aguardar que o juiz se manifeste”, disse Anderson Henrique.

A Secretaria de Educação da cidade, por meio de nota, informou que, diante do fato ocorrido, o servidor foi prontamente identificado, afastado de suas funções e responde a um processo administrativo disciplinar, o chamado PAD.

"A gestão também reforça sua total disposição e celeridade para que as devidas providências sejam tomadas pelos órgãos responsáveis, encaminhando o caso ao Conselho Tutelar da 1ª Região e cooperando com os encaminhamentos do boletim de ocorrência aberto pela família da adolescente", diz a nota.